Anos depois, Laureano Barros, matemático brilhante, proscrito pelo regime salazarista e imenso bibliófilo, insistiu em obter de Eugénio um exemplar da raríssima obra. O poeta, com imensa relutância, ofereceu-lhe a plaqueta, inscrevendo-lhe na última página: «Reli isto, Laureano. Que horror! Para que diabo quer você esta porcaria?».Paulo Pinto (2017). «Laureano Barros, Rigoroso Refúgio». rtp.pt. Consultado em 18 de setembro de 2021
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O escritor Mário Cláudio que durante algum tempo foi seu colega no mesmo serviço, referiu que o ambiente laboral da época era muito desagradável e que o poeta teria sido vítima de prolongada e insidiosa homofobia: «O Eugénio de Andrade falava pouco, defendia-se. Não tinha nada a ver com aquele mundo, aquilo era um ganha-pão e ele preservava-se. Pelo facto de ser homossexual, era um homem que estava sujeito àquilo a que se chama a troça da canalha. A sua homossexualidade era constantemente sublinhada, os tiques imitados, contavam-se graçolas grosseiras e ele tinha consciência disso. Lembro-me de uma vez me ter dito: “Eu, aqui na Caixa de Previdência, tenho de me defender de ser penalizado pelas minhas fragilidades.”», in Teresa Carvalho (5 de novembro de 2019). «Mário Cláudio: "Não quero que as pessoas julguem que eu sou o fogueteiro da festa"». ionline.sapo.pt. Consultado em 18 de setembro de 2021